Análise de caso de disputa de indenização por danos à carga de soja na China
Análise de caso de disputa de indenização por danos à carga de soja na China

Análise de caso de disputa de indenização por danos à carga de soja na China

Análise de caso de disputa de indenização por danos à carga de soja na China

Este caso gira em torno de uma disputa de indenização por danos à carga de soja, que foi julgada pelo Tribunal Marítimo de Xiamen. Envolveu múltiplas partes estrangeiras (do Brasil, Singapura, Libéria e Grécia), a emissão de uma liminar anti-processo no Reino Unido e procedimentos de arbitragem em Londres.

Ao defender a soberania da jurisdição judicial da China, a decisão do Tribunal Marítimo de Xiamen recebeu reconhecimento unânime das partes chinesas e estrangeiras, levando as partes estrangeiras a cumprir voluntariamente a decisão do tribunal.

1. Visão geral do caso

Em fevereiro de 2020, um importador chinês de soja, a Empresa YC, celebrou um contrato de venda com uma entidade estrangeira em Singapura para adquirir 69,300 toneladas de soja brasileira, avaliadas em aproximadamente 300 milhões de yuans. A carga foi embarcada por navio da Empresa PK, registrado na Libéria e operado por empresa grega, para transporte do Porto de Itaqui, no Brasil, até o Porto de Songxia, em Fuzhou, China. Em abril de 2021, durante o descarregamento no Porto de Songxia, foi descoberto que a soja nos porões 3, 6 e 7 sofreu danos variados, totalizando 27,359 toneladas.

Em março de 2022, uma seguradora sediada em Fujian, como seguradora de carga, pagou aproximadamente 15 milhões de yuans em compensação de seguro à Empresa YC. Após o pagamento, a seguradora entrou com pedido de sub-rogação contra a Empresa PK, buscando indenização pela perda da carga, totalizando cerca de 15 milhões de yuans, acrescidos dos juros correspondentes. Simultaneamente, a Empresa YC, alegando que a compensação do seguro era insuficiente para cobrir toda a perda de carga, apresentou uma reclamação direta contra a Empresa PK por aproximadamente 20 milhões de yuans, juntamente com os juros correspondentes. O valor total reivindicado na disputa ultrapassou 35 milhões de yuans.

Em abril de 2022, a Empresa PK levantou uma objeção à jurisdição do tribunal, argumentando que o afretamento contendo cláusulas de arbitragem havia sido incorporado ao conhecimento de embarque e, portanto, a disputa deveria estar sujeita à lei inglesa e à arbitragem de Londres. Consequentemente, o Tribunal Superior do Reino Unido emitiu uma liminar a favor da Empresa PK, ordenando às partes chinesas que encerrassem ou abandonassem imediatamente os processos judiciais iniciados no Tribunal Marítimo de Xiamen e tomassem todas as medidas necessárias para cessar ou abandonar os processos na China.

2. Opiniões do Tribunal

(1) Objeção Jurisdicional

Depois de examinar a objeção jurisdicional levantada pela Empresa PK, o Tribunal Marítimo de Xiamen decidiu que as cláusulas relevantes do afretamento não foram efetivamente incorporadas ao conhecimento de embarque. Portanto, o porto de destino, Porto Songxia, ficou sob a jurisdição do tribunal chinês. O tribunal considerou que o Tribunal Marítimo de Xiamen tinha jurisdição sobre a disputa e rejeitou a objeção jurisdicional da Empresa PK em fevereiro de 2023. A Empresa PK não interpôs recurso.

(2) Litígio de disputa por danos à carga

O caso envolveu múltiplas abordagens para a avaliação da carga danificada, tornando o cálculo da perda particularmente complexo. As três partes apresentaram uma quantidade considerável de provas, incluindo três relatórios de avaliação diferentes com conclusões diversas, bem como dois relatórios de peritos de instituições profissionais apresentados pelo armador. Durante o julgamento, os peritos fornecidos pelas partes (incluindo inspectores, inspectores e peritos técnicos marítimos, num total de sete indivíduos) foram interrogados e o tribunal conduziu uma investigação abrangente.

Após analisar meticulosamente os fatos, o tribunal determinou a causa do dano à carga e os métodos e dados de cálculo apropriados. O tribunal considerou a Empresa PK a única responsável pelos danos à carga e ordenou que ela indenizasse aproximadamente 11.53 milhões de yuans pela perda. Ambas as partes aceitaram a sentença de primeira instância e a Empresa PK cumpriu voluntariamente a decisão do tribunal.

3. Nossas observações

Nos últimos anos, tem havido frequentes disputas por danos em cargas de soja importadas, com complexidades decorrentes de vários fatores, incluindo a determinação da causa das perdas de soja e a avaliação dos danos. De acordo com os casos de disputa por danos em cargas de soja pesquisados, existem diversos métodos para avaliação de danos sem um padrão unificado. Muitos julgamentos passam por recurso ou mesmo pela revisão do Supremo Tribunal, tornando relativamente raros os julgamentos de primeira instância.

Este caso envolve múltiplos elementos internacionais, como a importação de soja do Brasil, o vendedor sendo uma empresa de Cingapura, o armador registrado na Libéria (operado por uma empresa grega) e advogados ingleses e o Grupo Internacional de Clubes de P&I envolvidos no lado da transportadora. Além disso, o caso não só desencadeou procedimentos chineses, mas também levou à emissão de uma injunção anti-processo pelo Supremo Tribunal do Reino Unido e subsequentes procedimentos de arbitragem em Londres.

Significativamente, o impacto do julgamento deste caso levou a uma rápida resolução de outro caso de danos à carga de soja envolvendo um importador de soja com sede em Fujian, com o acordo no valor de aproximadamente 28 milhões de yuans.

Foto por laboratório de tempo on Unsplash

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